sábado, 22 de maio de 2010

Estou cansado...

Rebuscando memorias do passado encontrei algo que escrevi em 28/07/2007 e quando me dou conta que nada mudou, entendo porque estou cansado


Estou cansado de todas as mentiras
em político engalanadas
de rostos definhados com ar de sério
com pensamentos plenos de mentiras
e de choque em choque nos despedindo,

estou farto
os homens caminhando sem objectivos,
as vontades esmorecendo
as lutas há tanto reclamadas
estão perdidas, enterradas

não se vislumbra qualquer chama
a juventude há muito desistiu
segue acomodada
sem sentido de vida
está também perdida
e em breve massacrada
pelo movimento dos relógios
das roupas de marca
dos telemóveis da terceira geração
e a luz ao fundo não se vê não

é luz escondida no passado
acomodada nos tempos de hoje
aos pedaços de nada
às fúteis discussões sobre tudo o que é vago
e a juventude parada
neste vazio aguardando
o medo do amanhã
que chegará mais pesado
e de revolta em revolta
a vida se perdendo
o relógio do tempo chegando
sem perdão e sem volta.

sfsousa/olharomar

terça-feira, 11 de maio de 2010

MINAS - S. Pedro da Cova


És S. Pedro da Cova
terra negra e amiga
devorada de tanto negro

de gente simples
 malteses enrolados
nas suas mantas descoloridas
sem casa nem lar
só trabalho e vida para dar

os corpos
sobre as cinzas negras destas terra,
seguem
os ruídos das águas da mina,
nas picaretas em uníssono
dos metais em desatino,

as mulheres de negro vestidas
suas almas chorando
dor e raiva nos peitos contidas
seus homens esperando 
que cabisbaixos sangravam

no fundo da mina
um pedaço da vida largando
em mais um dia
a saúde em agonia
em carvão a vida esvaziando

finalmente as grilhetas abertas
a mina fechou
outra vida chegou
a dignidade desperta
soltou medos e voltou

Sfsousa/olharomar

domingo, 2 de maio de 2010

MÃE



Um escrito feito pela minhas filhas, para a sua mãe, a minha Delfina, neste dia de homenagem a todas as mães

MÃE

Como posso eu te retratar
se és um manto protector
que envolve os seus rebentos
protegendo-os da malícia e da dor
és alma e ternura,
és berço carinhoso…
em ti sinto aconchego
uma vontade de gritar aos céus
como me sinto a filha mais amada do mundo
não digo isto muitas vezes eu sei
e raramente o demonstro
mas a imagem que tenho de ti é inimaginável
pois é tal a adoração que por ti sinto
feliz de mim que és minha mãe
feliz de mim que te tenho
pois a verdade é que outra mãe não quereria

Das filhas Joana e Catarina