terça-feira, 11 de outubro de 2016

Ilha do PICO - AÇORES

Ilha do PICO - Açores


Desta vez a nossa excursão de Outubro levou-nos a voar até às nossas ilhas atlânticas, 
ao arquipélago dos Açores.

Saímos da nossa invicta cidade do Porto bem cedo, 
pois tínhamos que tocar em Lisboa, 
sendo voos da TAP temos que ajudar a fazer parte da estatística de passageiros que tocam Lisboa, 
os milhões em trânsito e para quem Lisboa nada diz ou significa mas, 
os números contarão mais tarde, 
para mais uma obra faraónica que se avizinha, 
o novo aeroporto.

Voamos por cima das nuvens durante cerca de 2 horas e lá chegamos, 
sem turbulência de maior, a Ponta Delgada com céu limpo, 
tempo ameno e uma linda ilha para nos receber.

Estávamos em trânsito e teríamos que voar de novo para o PICO, 
essa ilha de vulcões no meio do oceano mas, aproveitando a paragem, 
recorremos ao aerobus e partirmos para Ponta Delgada, 
onde pudemos reviver imagens doutra viagem 
e doutras saudades que aqui ficaram 
e que tão desejosamente relembramos, o seu porto, 
as suas gentes, as suas igrejas.

Aqui almoçamos, visitamos o mercado e aproximando-se a hora da partida 
eis-nos à espera do aerobus para nos recolher e levar de novo ao aeroporto 
para retomar nosso rumo e abrir asas de novo.

Subimos ao céu e sem que déssemos conta, eis-nos a poisar na ilha do PICO, 
ilha de vulcões e de pedras negras 
mas verdejante e bordada de flores e espuma branca com cheirinho a mar.

Aterramos e lá estão os 2 carros à nossa espera, 
serão companheiros fiéis nos próximos dias, 
levando nossos sonhos e nossos desejos a lugares novos, desconhecidos,
inimagináveis e belos, 
tropeçando nossas vidas com outras vidas 
que aqui se estendem ao longo da ilha e dela fazem seu lar.

A hora da chegada é tardia e a noite se aproximando com vontade, 
nos movemos para o nosso poiso, 
o resort Aldeia da Fonte 
que só nos foi possível apreciar no dia seguinte
mas, as casas, de pedras vulcânicas, inseridas na paisagem, 
com espaços floridos, 
os pássaros passeando descontraidamente, 
pelos seus espaços como seus verdadeiros donos mas aceitando a sua partilha com os novos intrusos, 
árvores centenárias e os quartos duma tranquilidade imensa, de cores alegres, 
com o mar a beijar as rochas que nos aproximam 
e nos hipnotizam sempre que olhamos o mar imenso 
e nos deixamos levar no som das suas ondas 
e nos sonhos das suas maresias.

Seguimos para conhecer o PICO, 
as estradas, poucas nesta ilha de terra negra e de verde revestida, 
as estradas abraçadas por flores, 
que caminham nos acompanhando ao longo do percurso, 
somente algumas hidrângeas ainda floridas com os seus caules imensos e verdes, 
variadíssimas “meninas vão para a escola”, as nossas “belas donas” 
nos mostrando o caminho apesar de ser Outubro e a escola já ter começado 
mas, as flores se mantendo até que com o passar do tempo adormeçam 
para despertar de novo com a mesma força e mesma cor no ano seguinte, 
parece que esperaram por nos para nos indicar o quão maravilhoso será na próxima Primavera 
e levando a nos deixar hipnotizar por essa visão.

Deixamos levar o nosso despertar para o interior da ilha 
e entramos ilha adentro em direção às lagoas e ao PICO, 
sítio obrigatório da viagem, e calcorreamos por estradas de terra batida, 
as vaquinhas nos olhando, olhos nos olhos, 
admiradas pela intromissão destes intrusos na invasão da sua terra e da sua tranquilidade.

O céu azul, os prados verdes e o vulcão do PICO nos seguindo sempre, para todo o lado, 
nos mostrando suas diferentes faces, seus diferentes tesouros, 
suas nuvens que sempre o beijam quando passam, 
algumas enrolando no seu corpo, desafiando o próprio Pico a desaparecer, 
outras maravilhando a paisagem e nos mostrando o seu cume 
e assim subindo, fomos desaparecendo na paisagem, 
tornando-nos cada vez mais pequenos perante esta imensa vista de pequenos vulcões inactivos, 
cobertos de verde e a ilha de S. Jorge ao fundo, esguia, 
nos felicitando por esta aventura e nos aproximando cada vez mais da beleza que aqui existe 
e nos marca a alma e o silêncio, diferente doutros silêncios,
é o silêncio da ilha que nos deixa entrar no seu mar 
e partilha connosco sua vontade e toda a sua riqueza.

Chegamos à casa da Montanha do Pico, 
sítio de paragem obrigatório para todo e qualquer caminheiro 
que se queira aventurar a subir ao ponto mais alto e, será mesmo uma aventura, 
uma demonstração de querer e vontade indómita de vencer os seus próprios medos e suas capacidades 
e chegar ao ponto mais alto onde só quem lá chega pode dizer se se esvaziam todos os sentidos 
e nos deixamos levar pelas nuvens que ai passam, quase tocando o céu.

… Após um belo repasto, de peixe fresco, grelhado 
e a garganta e sede amaciada com o vinho fresco, 
seguimos adiante para as vinhas do Pico, 
património da humanidade e recentemente divulgado por uma novela portuguesa 
que aqui preparou algumas das suas cenas e do seu enredo.

Fomos á descoberta deste amontoado de muros de pedra, 
resguardando as suas videiras e as suas uvas, 
nestes quadrados de uma imensidão que nos escapa á vista, 
com pequenas teias de rochas vulcânicas resguardando as vinhas dos ventos que o mar sempre traz, 
violentos umas vezes, doces e quentes noutras alturas, 
são montanhas de pedras pequenas, vulcânicas, diluídas nestas vinha, 
acolhendo o seu vinho e emprestando o seu calor 
para delas surgir os desejados cachos de uva, brancos ou tintos.

As vinhas rasteiras, roçando o seu corpo no calor das pedras vulcânicas, 
rastejam de espaço em espaço, até que o seu amadurecer chegue 
e, na altura da sua colheita, 
são levantadas do chão que as acolheu e partilhou seu calor e são colhidas, 
maduras, quentes e doces, para o fabrico desse vinho inigualável.

Chegando mais cedo à Aldeia da Fonte, 
nosso poiso inigualável e nosso jantar marcado de todos os dias, 
optamos por conhecer este nosso paraíso, 
calcorreando as várias ruas, revestidas de flores ao longo das varias casas, 
bem incorporadas na paisagem e nos mostrando sua beleza, sua doçura e sua tranquilidade 
e passamos por espaços ZEN, pelo SPA e outros recantos que sempre ajudam a uma reflexão, 
olhando o mar imenso, 
sentado nas cadeiras espalhadas ao longo da muralha que nos separa do mar, 
nos miradouros, observando o horizonte, esperando que o despertar do sol 
pudesse trazer essa visão única da passagem dalgum cachalote ou golfinho 
mas, espera em vão…. Hoje nadam por outras paragens.
                                                                                                                                                                         
  sfsousa/olharomar




domingo, 3 de janeiro de 2016

Fui olhar a cor do mar








Fui olhar a cor do mar
debruçado no cimo do teu monte
O azul velejando nos teus olhos
Abre a tua alma
E deixa-me ser só teu

libertas ondas brancas
Fugindo do sossego do céu
Tocam-me de mansinho
cercando meu corpo
me obrigando a chorar de prazer

as ondas de vento serpenteiam
entre as árvores verdes
ondulantes de raiva
mascarando as suas cores

sabem que o mar não está ali
sentem o seu cheiro
mas está lá longe
perto de ti
abraçando-te
esperando teu anoitecer
para que nova maré de nuvens brancas
de ti se despeça

e em mim te recolhas

sfsousa/olharomar