sexta-feira, 27 de março de 2009

Vento…



Vento volta
devagarinho
em turbilhões
de sentimentos
nas pequenas coisas
que não dizemos
mas de repente
Sentimos

Vento volta
devagarinho
Como se vento
não fosses
mas sim
o despertar
dum novo dia
brotando vida
em aurora
inexistente

olharomar

quinta-feira, 19 de março de 2009

Viagem na noite longa


Na noite longa
minha alma
chora sua fome de séculos

Meus olhos crescem
e choram famintos de eternidade
até serem duas estrelas
brilhantes
no céu imenso.

E o infinito se detém em mim

Na noite longa
uma remotíssima nostalgia
afunda minha alma
E eu choro marítimas lágrimas
Enquanto meu desejo heróico
de engolir os céus
se alarga
e é já céu

Tenho então
a sensação esparsamente longa
de vogar no absoluto

Mario Fonseca

terça-feira, 10 de março de 2009

Porto – passeio nocturno


Sigo por essa beira mar,
rosário de pedras da foz,
guiando o rio Douro
que no mar se desfaz e se multiplica
e aprecio nesta noite em que viajo só,
com os meus pensamentos,
os contornos das casas e das pessoas transportam um seu quê de mágico,
é mais fácil na noite,
apreciar estes bocados de vida que por aqui passeiam
e imaginarmos historias nunca contadas,
pessoas correndo no calçadão
fazendo seu jogging da noite
fugindo das sombras implacáveis do dia,
madames passeando seu cão
e anestesiando seus sentidos,
vagueando sem pensar
ao sabor do vento e do puxar da correia na sua mão,
as ondas batendo de leve nos rochedos
quebrando o silêncio e lavando saudades.
Passo por barcos de pesca
de cores e formatos distintos,
parados,
numa e noutra margem da foz,
como se aguardassem um comando para partir,
dormem descansados,
sem ruído, equilibrados
e alinhados nesse mar que não se vê,
luzes reflectindo seus olhos na água que os embala,
caminho e vou descobrindo novas coisas
que parece que o dia não reflecte
e na noite se destacam,
as capelas,
a ponte luminosa que roubou seu pedaço ao rio
e por ele adentro entra,
a alfândega edifício de eventos memoráveis e pleno de historia,
a igreja de São Francisco,
o palácio da Bolsa,
a associação dos comerciantes do Porto,
a ribeira, mundialmente conhecida,
e tantos,
tantos recantos belos que por eles passamos
e atenção não prestamos,
as pontes que nos atravessam
e esse silêncio que a noite acompanha
as dezenas de pescadores
que nesta noite de segunda-feira
dedicam parte do seu dia a deitar a linha
ao longo deste paredão para colher seu peixe
e de novo o devolver ao rio,
num gozo pleno da pescaria realizada.

És assim Porto,
património da humanidade,
cidade minha, bela,
de contrastes imensos
e de valores sentidos,
verdadeiros,
sem retoques ou enganos,
esquecida por alguns,
tentada por outros
mas sempre nossa

Sfsousa (olharomar/rosadesangue)

sexta-feira, 6 de março de 2009

AMIZADE




Neste universo de lutas constantes,
Essa amizade que fronteiras não tolhe,
A recebo de mãos abertas
E com suavidade a desfloro,
Partilhando essa dádiva com alegria
o coração que amizade me envia,
A amizade desejada me condena


olharomar

domingo, 1 de março de 2009

VENTO (3)



Vem com o vento
que te espero perdido
Nesta ausência forçada
De vela recolhida
Em vento amainado
Suplico intensamente ao vento
Que te traga de volta
Em amor convertido
Já não ando perdido
Deixei fugir meu lamento


olharomar