segunda-feira, 14 de abril de 2014

Alentejo–visita a Beja


IMG_1238
Quinta feira, dia de saída a Beja,
como sempre um pequeno almoço divinal,
os nossos colegas franceses já estavam acampados na mesa para desfrutar das compotas,
dos queijos, dos sumos e sentir os paladares do Alentejo nesta casa aconchegadora,
 o outro casal, jovens da Lourinhã, simpáticos e de cara alegre,
satisfeitos com a vida e suspirando de amores.

Depois do pequeno-almoço, rumamos a Beja,
 a contar com a estrada ardendo deste calor infernal,
 haveria de chegar aos 42/43º
e percorremos estes cerca de 50 km,
com pressa de chegar e acomodar as visitas antes da chegada do calor
e do inferno do inicio da tarde.
Depois de estacionarmos e namorarmos uma montra com artigos de qualidade,
que mais tarde viríamos a comprar, lá fomos nós para o meio da cidade velha,
sentir o pulsar do coração e onde as memórias de sempre,
antigas como a sua historia aí permanecem.

Visitamos a igreja da Nª Sª dos Prazeres,
entramos mas não podemos tirar fotografias a esses quadros belos,
a essas paredes debruadas de capa de ouro e de talhas inesquecíveis,
com um teto fantástico.
O funcionário, solicito, agradável e conhecedor,
pegou-nos na imaginação
e levou-nos a passear pelos sítios mais interessantes de Beja.
Era conhecedor do espólio e da vida desta cidade.
Gostei da sua atitude, do seu saber e conhecimento
que nos emprestava com um orgulho brilhando nos olhos,
quando falava da sua cidade e das suas riquezas que muitos não veem.

E fomos à Santa Casa da Misericórdia,
neste momento em restauro, aproveitando espaços para a escola de Bento Jesus Caraça e,
recuperando pouco a pouco as suas paredes,
os seus vícios e as suas riquezas.
Fomos atendidos por uma empregada cujo marido é de S. Pedro do Sul,
 apanhou-nos pela pronúncia do Norte
e lá ficamos em cavaqueira amena e com direito a visita guiada neste edifício que estava a encerrar
 mas, de acordo com o cura do museu e da casa,
abriram a capela para nós e assim podemos apreciar e tirar fotos deste espolio tão bonito
e que agora se recupera vagarosamente.
Um obrigado a essa gente dedicada e aberta de coração que partilha connosco os seus tesouros.

O castelo, ainda aberto, partilhou connosco uma vista esplendorosa sobre a cidade e a planície, albergando no seu seio, um museu e um espaço de lazer, bonito e bem cuidado.

Na praça da Republica, a sede da Câmara e o inicio da rua que alberga os dois restaurantes
que nos foram sugeridos,
 a Pipa e a tasca 25 de Abril, que estavam abertos.
E sentamos, comemos e apreciamos os cheiros e delícias da cozinha regional alentejana,
sobretudo as sobremesas que nos acorrentaram as delicias e os sabores.
Passamos por uma loja dos sabores,
para comprar o vinagre com mel e outras doçarias que despertam a vontade de comer.
Voamos em direcção a Castro Verde e por sugestão visitamos a herdade dos Grous,
fantástica herdade de enoturismo, bem cuidada, fazedora de vinhos, exemplar,
propriedade de ingleses que cuidam da terra e da herdade com um cuidado só visto.

Sfsousa/olharomar

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Mértola–branco imaculado

 

IMG_1193

 

Após a chegada a Mértola,

visita à antiga mesquita,

agora igreja,

de um branco me iluminando

como todo o casario que a rodeia

o seu interior, simples, belo,

abóbodas brancas,

alinhadas e sonhadoras

como só a simplicidade pode ser

 

apesar do sofrimento do calor das horas mais duras,

sinonimo do inicio das tardes,

obrigatórias do recolhimento,

valeu a pena

estar no meio da mesquita,

penetrar no silêncio do branco, imaculado

ouvir em silêncio

histórias de guerra e paz

de amor e dor

sentir que somos presente

com princesas e amores navegando no rio,

dissolvendo-se até ao mar

sfsousa/olharomar

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Alentejo– o pulo do lobo


IMG_1174
Hoje, almoço em Mértola
e partida à descoberta da rota do Pulo do Lobo,
sitio obrigatório nas belezas em redor,
envolto em lendas e histórias
e deito os olhos para essa estrada,
sempre igual, de retas imensas,
bordejada de planícies secas,
lutando por pedidos dum pouco de lágrimas se chuva,
o sol desafiante, impiedoso e quente,
tão quente que nos queima a alma e os pensamentos
ao imaginar esses montes verdes,
ondulando ao vento seus filhos
 festejando suas festas e suas vitórias
mas aqui, neste caminhar até ao pulo do lobo,
algumas oliveiras repartem a sombra com a paisagem
e tocam o coração de quem passa,
emocionando o passeio e dando-nos alento para continuar,
partilhar a vida com esta terra inóspita,
atravessá-la no seu seio e dizer que estamos aqui,
solidários como se fossemos seus filhos
mesmo fustigados pelo calor e pelo suor.

Depois de parecer uma eternidade de viagem,
chegamos ao portão que sinaliza a entrada para o pulo do lobo,
1,5 km em terra batida,
obrigação de fechar o portão
e entrar de novo nas entranhas da terra e do desconhecido.

Seguimos atentos, imaginando o que íamos encontrar
e pensando que o acabar da viagem seria ali,
na próxima curva, no próximo desvio,
mas a caminhada é longa e difícil,
como todos os dias para esta gente boa neste nosso Alentejo profundo,
de horizontes perdidos,
intocáveis pela vista e desperdiçados,
entregues à sua sorte e à sua sina,

Chegamos finalmente,
um outro casal, esse de jipe,
já estava apreciando esse bloco de pedra,
devastado pela passagem de grande caudal de água algures,
as rochas alisando e preparando o caminho para o rio seguir seu percurso
e o lobo, na sua parte mais estreita,
perseguido pelos caçadores,
obrigado a saltar essa queda de água,
imaginada neste verão e que no inverno despontará,
talvez sem a força e a grandeza da história
mas pelo menos imprimindo à nossa imaginação seu papel,
sua força e sua gloria

sfsousa/olharomar