quinta-feira, 3 de abril de 2014

Alentejo– o pulo do lobo


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Hoje, almoço em Mértola
e partida à descoberta da rota do Pulo do Lobo,
sitio obrigatório nas belezas em redor,
envolto em lendas e histórias
e deito os olhos para essa estrada,
sempre igual, de retas imensas,
bordejada de planícies secas,
lutando por pedidos dum pouco de lágrimas se chuva,
o sol desafiante, impiedoso e quente,
tão quente que nos queima a alma e os pensamentos
ao imaginar esses montes verdes,
ondulando ao vento seus filhos
 festejando suas festas e suas vitórias
mas aqui, neste caminhar até ao pulo do lobo,
algumas oliveiras repartem a sombra com a paisagem
e tocam o coração de quem passa,
emocionando o passeio e dando-nos alento para continuar,
partilhar a vida com esta terra inóspita,
atravessá-la no seu seio e dizer que estamos aqui,
solidários como se fossemos seus filhos
mesmo fustigados pelo calor e pelo suor.

Depois de parecer uma eternidade de viagem,
chegamos ao portão que sinaliza a entrada para o pulo do lobo,
1,5 km em terra batida,
obrigação de fechar o portão
e entrar de novo nas entranhas da terra e do desconhecido.

Seguimos atentos, imaginando o que íamos encontrar
e pensando que o acabar da viagem seria ali,
na próxima curva, no próximo desvio,
mas a caminhada é longa e difícil,
como todos os dias para esta gente boa neste nosso Alentejo profundo,
de horizontes perdidos,
intocáveis pela vista e desperdiçados,
entregues à sua sorte e à sua sina,

Chegamos finalmente,
um outro casal, esse de jipe,
já estava apreciando esse bloco de pedra,
devastado pela passagem de grande caudal de água algures,
as rochas alisando e preparando o caminho para o rio seguir seu percurso
e o lobo, na sua parte mais estreita,
perseguido pelos caçadores,
obrigado a saltar essa queda de água,
imaginada neste verão e que no inverno despontará,
talvez sem a força e a grandeza da história
mas pelo menos imprimindo à nossa imaginação seu papel,
sua força e sua gloria

sfsousa/olharomar

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