terça-feira, 31 de outubro de 2017

Outubro 2017 - Abrigo da Geira-Gerês



Abrigo da Geira-Gerês – Outubro 2017 

À tranquilidade, às funcionárias,
Ao sentir os sentidos de volta
Mais uma vez
Mais um ano de regresso ao abrigo da Geira
Que sempre nos abre os braços
E acolhe os ruídos da cidade em nós guardados
E os remete ao silêncio da serra
Onde se misturam com o seu respirar
E nos libertam.

É aqui
Mais uma vez
Que a liberdade e a tranquilidade
Volta de novo para nos preencher o vazio
E nos dá forças para de novo voltar
A este local mágico de acolhimento

No abrigo da Geira
Mais uma vez senti a liberdade de pensamento
O aguardar do achar do dia e das sombras da noite
Tranquilas e sempre á espreita neste imenso silêncio

O despertar da manhã
Traz sons e brilhos que esvaziam o nosso interior
Os primeiros raios de sol
Beijando as lágrimas do frio da noite
Espelham nos campos e na casa
A felicidade dum novo despertar
Dando inicio a mais um dia

É calor que nos chega e nos aproxima da vida
Da terra e da serra
Dos animais e da floresta que nos cerca
Verde de belo, à espera do seu explorar
E de poderem partilhar suas memorias
Ou seus segredos com quem a visita e a respeita

Estamos os 4, eu, a Delfina, o Germano e a Luísa,
Imersos neste néctar que nos dá vida 
e nos alenta o coração

O abrigo da Geira é o nosso refúgio
Uma e outra vez
Da fuga dos nosso sonhos de cidade,
Das nossas vidas que se desvanecem correndo
Mas aqui, neste cantinho
A tranquilidade e o silêncio é só nosso
Companheiro de dia
Amante de noite
E feliz no despertar

Pena que o destino nos ofereça uma única noite
E nos obrigue a pegar nas bagagens
A partir para casa
Passando por outras vilas
Amantes da sua vida e riqueza
Percorrendo aquilo que somos de verdade
Donos de um país dum coração imenso
Duma caricia tão grande
Que em qualquer lado nos afaga
E nos sensibiliza sempre
Mesmo quando a viagem está em prestes a terminar

sfsousa/olharomar

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Hotel rural do Cró - Sabugal (Agosto 2017)







Chegamos a Rapoula do Côa, 
cansados duma viagem desgastante, 
de imensos quilómetros percorridos, 
vendo vegetações desaparecidas no tempo, arvores secas e mortas, 
negras por terem sido devoradas antes de tempo pelo fogo que do nada surgiu, 
devorou florestas em lagrimas e roubou pertences do suor da terra, 
pequenos grandes pedaços de muitas vidas.

A imensidão negra, 
dum e doutro lado das estradas, 
marcando as paisagens e as serras, 
seca também um pouco os nossos corações 
mas incentiva a voar para o nosso destino, 
poder abrir o nosso coração e partilhar parte dessa dor, 
levando um pouco de calor humano ao interior deste nosso país, 
tão belo e tão massacrado.

Vamos estrada fora, 
novas vidas vão surgindo, 
novas zonas verdes, 
um vislumbrar de esperança e do recomeçar da vida 
nestas aldeias que não se rendem 
e se reinventam quando algo de mau lhes toca o coração.

Chegamos a Rapoula do Côa, 
depois de um vislumbre sobre o Hotel Rural do Cró. 
Parece um lugar mágico, 
perdido no meio do nada mas lá chegando, 
conhecendo as pessoas, 
recuperando energias, 
damo-nos conta que o prazer da estadia 
e a amabilidade da recepção recebida, 
transporta-nos a sonhos de bem estar e prazer 
que raramente se encontram.
  
O silêncio aqui é mais silêncio e reflecte todos os silêncios 
que recordam prazeres de viagens inesquecíveis.

Aqui, neste local, 
podemos olhar de volta e recuperar de nós mesmos, 
aquele bocado que nos falta para ser feliz 
u aquele pedaço que deve ficar esquecido no fundo das nossas vidas.

O Hotel Rural do Cró 
oferece-nos e partilha essa paz tão necessária à vida, 
sentindo-nos mais jovens, 
ajudando a recuperar o corpo e a mente das correrias da cidade, 
do  movimento irritante das luzes que diariamente nos ferem 
ou das noticias desnecessárias que todos os dias pela nossa casa entram,

O restaurante do Hotel é fantástico, 
a confecção da comida rigorosa e viva, 
alegre nas cores e servida com alegria e paixão. 
Sente-se, além do bom gosto, 
uma vontade de bem servir e deixar a marca da gente da terra , 
que sempre sabe bem receber 
e partilha o que lhe vai no coração.

Foi esta dadiva, 
concedida este ano, 
para nosso deleite e para nossa maior satisfação, 
com a certeza que voltaremos um dia, 
quando a vontade de sentir o silencio 
e o prazer de desfrutar da piscina lúdica nos chame de novo 
e aí estaremos, 
os corpos não obedecendo 
mas respondendo ao chamamento da razão e dos nossos pensamentos.

O silêncio do dia, 
amaciado com a brisa mais fresca da noite, 
nos obriga a saber escutá-lo 
e sobretudo a sentir que neste silêncio muitas vidas e muitas historias nos tocam 
e nos fazem vibrar como aqui vivêssemos 
e partilhássemos os seus luares.

A piscina lúdica, 
nos abrindo sempre os seus braços, 
todos os dias, ao final da tarde, 
quando o cansaço da viagem nos vencia e ao hotel recolhíamos 
e a piscina, com as suas caricias feitas de água e força, 
com os seus cantares diferentes, estridentes, 
cercando nossos corpos, 
amaciando nossas rugas e violando nossos músculos, 
relaxando os corpos, 
davam asas e vontade de aí poisar de novo, 
quando o sol recolhesse 
no aproximar do final da tarde ou terminar do dia.

O doce momento da chegada ao Hotel Rural do Cró, 
constratando com a tristeza da partida, 
obrigatórias e necessária pois a vida não pára aqui, 
segue adiante, na esperança de outro dia voltar, 
mais jovem para continuar a sentir o vento quente do dia, 
a solidão da noite 
e a tranquilidade do pensamento.

Aqui sente-se o silencio das palavras 
que viajam no calor do vento que nos toca, 
a musica da piscina lúdica que nos embala o corpo 
e entorpece os sentidos, relaxa o vazio. 
O receber da gente que nos maravilha 
com a sua comida generosa e viva, 
alegre de cores, sensível de sabores, 
servida com alegria e paixão.

Deixamos plantado o sentimento 
de um dia voltar a partilhar a paz 
e as condições deste hotel 
que nos marcou estas ferias 
e nos reinventou para uma nova partilha 
e nova aventura.

olharomar - Agosto 2o17