quarta-feira, 15 de julho de 2009

O fogo final


Entretanto surge a meia-noite,
0 inesperado toque das badaladas à espreita,
a música amparando seu embalar e seu ritmo,
as pessoas fugindo para outros sítios onde pudessem desfrutar
do tão esperado fogo de artificio
já que festa sem fogo de artificio de orgulho para todos,
não é festa.

E nós lá fomos
na procura de um bom lugar para admirar o lançamento dos foguetes
nos quedamos pela roda da igreja,
num varandim com vista para a rua,
um plano superior onde se avistavam as pessoas,
os seus cumprimentos e saudações,
os candidatos a políticos agrupando-se num riso desnecessário
em conversas sem sentido,
para se tornarem notados,
esperando que o fogo de artificio lhes traga o valor do oiro e o brilho das estrelas,
mas não,
são simples humanos e a multidão que por eles passa nem os reconhecem
…triste manifestação de intenção política e de aproveitamento popular,
nas derradeiras tentativas para serem apreciados e vistos,
como se os valores da vida e da personalidade
fossem festa e balança por um dia.

Eis que surge o fogo por todos esperado,
o primeiro foguete,
um enorme petardo que até assusta
desperta os animais recolhidos na sua toca
dando inicio ao fogo-de-artifício,
as pessoas todas de olhos postos no céu,
abrindo a boca de espanto
sempre que surgia novo foguete
com nova cor ou novo desenho no céu
e foram muitos foguetes,
desiguais e de cores diferentes que surgiram nesse céu negro,
como se bailassem diante dos nossos olhos em coreografias de estrelas
e nós seguindo seus sons e seus rastos
até se perderem no ar e no pensamento,
dissolvendo-se no céu,
mas guardados nos corações de todos,

E assim recolhendo a nossas casas,
se acabou a festa e a procissão,
ficam as memórias para sempre
e com a vontade de continuar a tradição da nossa terra e nosso viver,
partimos de novo para os braços do nosso amor
e para o ninho do nosso querer.

sfsousa/olharomar

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