segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

no abrigo da geira, Gerês


Desta vez subimos mais a Norte, 
à beleza agreste deste nosso Gerês 
que sempre nos fascina e nos abranda o coração 
quando a vida nos obriga a desligar do que nos rodeia 
e a sermos só nós, 
nós e o silêncio das palavras que repartimos com os amigos 
quando estamos sós.

Nós e os gestos de afeição, 
os carinhos que durante os outros dias da vida a correr ficam esquecidos 
e que nestes dias, 
tão saudosos como nós, 
despertam e nos levam a sentir 
como é bom cultivar a amizade que nos rodeia,
 o amor que nos protege 
e que se manifesta verdadeiro e único.

O frio da noite reconforta a montanha 
e nos recompensa com o aconchego do abrigo da geira, 
uma casa de pedras graníticas,
 imersa num povoado de ruas estreitas aparentemente desertas de vida 
nas noites que percorrem a serra.

A noite beija de frio as portas 
e o vento toca as portadas de madeira das janelas sibilando de leve, 
esperando receber seu convite para entrar mas não, 
cá dentro o ambiente é quente, aconchegante, 
partilhado com os amigos de sempre, 
aproveitando o momento eleito entre um tinto do Douro 
e uns enchidos que nesta região nos regalam e nos desafiam, 
para entre conversas, entre risos, 
entre pretensos mas desejosos dotes musicais, 
surgir a poesia num piano que como por magia, 
ganhou vida, despertou suas notas e ritmos, 
alegrando a estadia, 
enquanto o chá da noite não chega 
e o cansaço permanece adormecido, 
como se o dia teimasse em não se deitar.

Novembro 28 e 29 de 2014

Um comentário:

laranjinha disse...

Olá, Olhar o mar.
Linda poesia. Bonita paisagem.
Continue! Há sempre quem o leia, mesmo que não diga nada.