Chegamos a Rapoula do Côa,
cansados duma viagem desgastante,
de imensos quilómetros percorridos,
vendo vegetações desaparecidas no tempo, arvores secas e mortas,
negras por terem sido devoradas antes de tempo pelo fogo que do nada surgiu,
devorou florestas em lagrimas e roubou pertences do suor da terra,
pequenos grandes pedaços de muitas vidas.
A imensidão negra,
dum e doutro lado das estradas,
marcando as paisagens e as serras,
seca também um pouco os nossos corações
mas incentiva a voar para o nosso destino,
poder abrir o nosso coração e partilhar parte dessa dor,
levando um pouco de calor humano ao interior deste nosso país,
tão belo e tão massacrado.
Vamos estrada fora,
novas vidas vão surgindo,
novas zonas verdes,
um vislumbrar de esperança e do recomeçar da vida
nestas aldeias que não se rendem
e se reinventam quando algo de mau lhes toca o coração.
Chegamos a Rapoula do Côa,
depois de um vislumbre sobre o Hotel Rural do Cró.
Parece um lugar mágico,
perdido no meio do nada mas lá chegando,
conhecendo as pessoas,
recuperando energias,
damo-nos conta que o prazer da estadia
e a amabilidade da recepção recebida,
transporta-nos a sonhos de bem estar e prazer
que raramente se encontram.
O silêncio aqui é mais silêncio e reflecte todos os silêncios
que recordam prazeres de viagens inesquecíveis.
Aqui, neste local,
podemos olhar de volta e recuperar de nós mesmos,
aquele bocado que nos falta para ser feliz
u aquele pedaço que deve ficar esquecido no fundo das nossas vidas.
O Hotel Rural do Cró
oferece-nos e partilha essa paz tão necessária à vida,
sentindo-nos mais jovens,
ajudando a recuperar o corpo e a mente das correrias da cidade,
do movimento irritante das luzes que diariamente nos ferem
ou das noticias desnecessárias que todos os dias pela nossa casa entram,
O restaurante do Hotel é fantástico,
a confecção da comida rigorosa e viva,
alegre nas cores e servida com alegria e paixão.
Sente-se, além do bom gosto,
uma vontade de bem servir e deixar a marca da gente da terra ,
que sempre sabe bem receber
e partilha o que lhe vai no coração.
Foi esta dadiva,
concedida este ano,
para nosso deleite e para nossa maior satisfação,
com a certeza que voltaremos um dia,
quando a vontade de sentir o silencio
e o prazer de desfrutar da piscina lúdica nos chame de novo
e aí estaremos,
os corpos não obedecendo
mas respondendo ao chamamento da razão e dos nossos pensamentos.
O silêncio do dia,
amaciado com a brisa mais fresca da noite,
nos obriga a saber escutá-lo
e sobretudo a sentir que neste silêncio muitas vidas e muitas historias nos tocam
e nos fazem vibrar como aqui vivêssemos
e partilhássemos os seus luares.
A piscina lúdica,
nos abrindo sempre os seus braços,
todos os dias, ao final da tarde,
quando o cansaço da viagem nos vencia e ao hotel recolhíamos
e a piscina, com as suas caricias feitas de água e força,
com os seus cantares diferentes, estridentes,
cercando nossos corpos,
amaciando nossas rugas e violando nossos músculos,
relaxando os corpos,
davam asas e vontade de aí poisar de novo,
quando o sol recolhesse
no aproximar do final da tarde ou terminar do dia.
O doce momento da chegada ao Hotel Rural do Cró,
constratando com a tristeza da partida,
obrigatórias e necessária pois a vida não pára aqui,
segue adiante, na esperança de outro dia voltar,
mais jovem para continuar a sentir o vento quente do dia,
a solidão da noite
e a tranquilidade do pensamento.
Aqui sente-se o silencio das palavras
que viajam no calor do vento que nos toca,
a musica da piscina lúdica que nos embala o corpo
e entorpece os sentidos, relaxa o vazio.
O receber da gente que nos maravilha
com a sua comida generosa e viva,
alegre de cores, sensível de sabores,
servida com alegria e paixão.
Deixamos plantado o sentimento
de um dia voltar a partilhar a paz
e as condições deste hotel
que nos marcou estas ferias
e nos reinventou para uma nova partilha
e nova aventura.
olharomar - Agosto 2o17
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