Ilha do PICO - Açores
Desta vez a
nossa excursão de Outubro levou-nos a voar até às nossas ilhas atlânticas,
ao arquipélago
dos Açores.
Saímos da
nossa invicta cidade do Porto bem cedo,
pois tínhamos que tocar em Lisboa,
sendo voos da TAP temos que ajudar a fazer parte da estatística de passageiros
que tocam Lisboa,
os milhões em trânsito e para quem Lisboa nada diz ou
significa mas,
os números contarão mais tarde,
para mais uma obra faraónica que
se avizinha,
o novo aeroporto.
Voamos por cima das nuvens durante cerca de 2 horas e lá
chegamos,
sem turbulência de maior, a Ponta Delgada com céu limpo,
tempo ameno
e uma linda ilha para nos receber.
Estávamos em trânsito e teríamos que voar de novo para o
PICO,
essa ilha de vulcões no meio do oceano mas, aproveitando a paragem,
recorremos ao aerobus e partirmos para Ponta Delgada,
onde pudemos reviver
imagens doutra viagem
e doutras saudades que aqui ficaram
e que tão
desejosamente relembramos, o seu porto,
as suas gentes, as suas igrejas.
Aqui almoçamos, visitamos o mercado e aproximando-se a hora
da partida
eis-nos à espera do aerobus para nos recolher e levar de novo ao
aeroporto
para retomar nosso rumo e abrir asas de novo.
Subimos ao céu e sem que déssemos conta, eis-nos a poisar na
ilha do PICO,
ilha de vulcões e de pedras negras
mas verdejante e bordada de
flores e espuma branca com cheirinho a mar.
Aterramos e lá estão os 2 carros à nossa espera,
serão
companheiros fiéis nos próximos dias,
levando nossos sonhos e nossos desejos a
lugares novos, desconhecidos,
inimagináveis e belos,
tropeçando nossas vidas
com outras vidas
que aqui se estendem ao longo da ilha e dela fazem seu lar.
A hora da chegada é tardia e a noite se aproximando com
vontade,
nos movemos para o nosso poiso,
o resort Aldeia da Fonte
que só nos
foi possível apreciar no dia seguinte
mas, as casas, de pedras vulcânicas,
inseridas na paisagem,
com espaços floridos,
os pássaros passeando
descontraidamente,
pelos seus espaços como seus verdadeiros donos mas aceitando
a sua partilha com os novos intrusos,
árvores centenárias e os quartos duma
tranquilidade imensa, de cores alegres,
com o mar a beijar as rochas que nos
aproximam
e nos hipnotizam sempre que olhamos o mar imenso
e nos deixamos levar
no som das suas ondas
e nos sonhos das suas maresias.
Seguimos para conhecer o PICO,
as estradas, poucas nesta
ilha de terra negra e de verde revestida,
as estradas abraçadas por flores,
que
caminham nos acompanhando ao longo do percurso,
somente algumas hidrângeas
ainda floridas com os seus caules imensos e verdes,
variadíssimas “meninas vão
para a escola”, as nossas “belas donas”
nos mostrando o caminho apesar de ser
Outubro e a escola já ter começado
mas, as flores se mantendo até que com o
passar do tempo adormeçam
para despertar de novo com a mesma força e mesma cor
no ano seguinte,
parece que esperaram por nos para nos indicar o quão
maravilhoso será na próxima Primavera
e levando a nos deixar hipnotizar por
essa visão.
Deixamos levar o nosso despertar para o interior da ilha
e entramos
ilha adentro em direção às lagoas e ao PICO,
sítio obrigatório da viagem, e
calcorreamos por estradas de terra batida,
as vaquinhas nos olhando, olhos nos
olhos,
admiradas pela intromissão destes intrusos na invasão da sua terra e da
sua tranquilidade.
O céu azul, os prados verdes e o vulcão do PICO nos seguindo
sempre, para todo o lado,
nos mostrando suas diferentes faces, seus diferentes
tesouros,
suas nuvens que sempre o beijam quando passam,
algumas enrolando no
seu corpo, desafiando o próprio Pico a desaparecer,
outras maravilhando a
paisagem e nos mostrando o seu cume
e assim subindo, fomos desaparecendo na
paisagem,
tornando-nos cada vez mais pequenos perante esta imensa vista de
pequenos vulcões inactivos,
cobertos de verde e a ilha de S. Jorge ao fundo,
esguia,
nos felicitando por esta aventura e nos aproximando cada vez mais da
beleza que aqui existe
e nos marca a alma e o silêncio, diferente doutros
silêncios,
é o silêncio da ilha que nos deixa entrar no seu mar
e partilha
connosco sua vontade e toda a sua riqueza.
Chegamos à casa da Montanha do Pico,
sítio de paragem
obrigatório para todo e qualquer caminheiro
que se queira aventurar a subir ao
ponto mais alto e, será mesmo uma aventura,
uma demonstração de querer e
vontade indómita de vencer os seus próprios medos e suas capacidades
e chegar
ao ponto mais alto onde só quem lá chega pode dizer se se esvaziam todos os
sentidos
e nos deixamos levar pelas nuvens que ai passam, quase tocando o céu.
… Após um belo repasto, de peixe fresco, grelhado
e a
garganta e sede amaciada com o vinho fresco,
seguimos adiante para as vinhas do
Pico,
património da humanidade e recentemente divulgado por uma novela
portuguesa
que aqui preparou algumas das suas cenas e do seu enredo.
Fomos á descoberta deste amontoado de muros de pedra,
resguardando as suas videiras e as suas uvas,
nestes quadrados de uma imensidão
que nos escapa á vista,
com pequenas teias de rochas vulcânicas resguardando as
vinhas dos ventos que o mar sempre traz,
violentos umas vezes, doces e quentes
noutras alturas,
são montanhas de pedras pequenas, vulcânicas, diluídas nestas
vinha,
acolhendo o seu vinho e emprestando o seu calor
para delas surgir os desejados
cachos de uva, brancos ou tintos.
As vinhas rasteiras, roçando o seu corpo no calor das pedras
vulcânicas,
rastejam de espaço em espaço, até que o seu amadurecer chegue
e, na
altura da sua colheita,
são levantadas do chão que as acolheu e partilhou seu
calor e são colhidas,
maduras, quentes e doces, para o fabrico desse
vinho inigualável.
Chegando mais cedo à Aldeia da Fonte,
nosso poiso
inigualável e nosso jantar marcado de todos os dias,
optamos por conhecer este
nosso paraíso,
calcorreando as várias ruas, revestidas de flores ao longo das
varias casas,
bem incorporadas na paisagem e nos mostrando sua beleza, sua
doçura e sua tranquilidade
e passamos por espaços ZEN, pelo SPA e outros
recantos que sempre ajudam a uma reflexão,
olhando o mar imenso,
sentado nas
cadeiras espalhadas ao longo da muralha que nos separa do mar,
nos miradouros, observando o horizonte, esperando que o despertar do sol
pudesse trazer essa visão única da passagem
dalgum cachalote ou golfinho
mas, espera em vão…. Hoje nadam por outras
paragens.
sfsousa/olharomar
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