Desta vez
subimos mais a Norte,
à beleza agreste deste nosso Gerês
que sempre nos fascina
e nos abranda o coração
quando a vida nos obriga a desligar do que nos rodeia
e
a sermos só nós,
nós e o silêncio das palavras que repartimos com os amigos
quando estamos sós.
Nós e os
gestos de afeição,
os carinhos que durante os outros dias da vida a correr
ficam esquecidos
e que nestes dias,
tão saudosos como nós,
despertam e nos levam
a sentir
como é bom cultivar a amizade que nos rodeia,
o amor que nos protege
e
que se manifesta verdadeiro e único.
O frio da
noite reconforta a montanha
e nos recompensa com o aconchego do abrigo da
geira,
uma casa de pedras graníticas,
imersa num povoado de ruas estreitas
aparentemente desertas de vida
nas noites que percorrem a serra.
A noite
beija de frio as portas
e o vento toca as portadas de madeira das janelas sibilando
de leve,
esperando receber seu convite para entrar mas não,
cá dentro o
ambiente é quente, aconchegante,
partilhado com os amigos de sempre,
aproveitando
o momento eleito entre um tinto do Douro
e uns enchidos que nesta região nos
regalam e nos desafiam,
para entre conversas, entre risos,
entre pretensos mas desejosos
dotes musicais,
surgir a poesia num piano que como por magia,
ganhou vida,
despertou suas notas e ritmos,
alegrando a estadia,
enquanto o chá da noite não
chega
e o cansaço permanece adormecido,
como se o dia teimasse em não se
deitar.
Novembro 28
e 29 de 2014
Um comentário:
Olá, Olhar o mar.
Linda poesia. Bonita paisagem.
Continue! Há sempre quem o leia, mesmo que não diga nada.
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