INCÊNDIOS E VAZIO
Hoje fito o horizonte
Olhando o lado escuro da serra que nos emociona
Da terra varrida de verde
Sobejam somente lampejos de alguma vida
E tudo o mais é esquecimento
As árvores quase todas voaram do seu regaço
Algumas ainda em pé nos emocionam sem cor
A terra negra as envolve
Nos mostram a sua morte
As suas cúpulas acastanhadas
Acordam-nos constantemente
O clarão brilhante e fatídico do fogo e da sua luz
Estonteante e endiabrada
Durante dias cercou os nossos sorrisos
Decompôs a nossa alma
Infligiu derrotas aos nossos sentimentos
Olho a serra
Os olhos marejados de água
Impotentes para regar o fogo
E libertar tudo o que havia de morrer
Desanimo-me como ser
Desfaço-me enquanto parte desta vida nos é roubada
Pedaço a pedaço
Ano a ano
Sangrando o ventre da terra
Nossa mãe e nossa morada
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